segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mestre, eu ataco! Hãm? Que? Só assim? Eu ataco? Mas onde diabos estamos?

INTERPRETAÇÃO!

Isso mesmo...
Agora, eu vou falar diretamente e completamente voltado para a alma e base de todo o bom RPG. A Interpretação. Principalmente, ajudando os usuários do Blog do Neco a interpretarem melhores em seus Jogos.

A questão é bem simples. Não irei discutir o que é interpretação, tem matérias que já falam isso. Nem irei falar da necessidade de interpretação. Muitas outras matérias também já falam isso. Eu vou falar de como você, meu amigo leigo e desesperado, pode interpretar de maneira descente. Vamos aos exemplos.

Digamos que Fulaninho de Tal, Filho de Fulanonho, Filho de Fulanonhi, fundador da cidade de Tal, está enfrentando algum trombadinha que encontrou pelo caminho. O Narrador fala que é hora dele atacar, muito bem. Agora, interpretação será o que ele descrever.

Em muitos casos, a pessoa diz: “Ataco ele”



Infelizmente, isso não é interpretação. É bem triste, para falar a verdade. Para interpretar você deve agir como o personagem, estar na pele do personagem, ser o personagem! Esta descrição é praticamente feita por um observador em terceira pessoa. É uma descrição digna de um vídeo game e não de um RPG. Se você faz descrições assim, seu nível de interpretação deve melhorar!

Agora, avançando um pouco o nível, temos aqueles que escrevem: “Pego minha faca e saio correndo em sua direção, tentando cortá-lo”.




Parabéns! Isso ai é interpretação! Estamos começando a interpretar agora. Infelizmente, este ainda é um nível lamentável de interpretação. Uma interpretação ruim, mas que pode ser lapidada. Já é o começo para se tornar um bom interpretador.

E por fim, que tal: “Observo meu inimigo. Malfeitor, ladrão, bandido, safado, canalha! Esta escória humana aborda pessoas inocentes... Larápio! Pensando em tudo isso, e ainda enfurecido com o susto que tomei ao ver o homem saltar em minha frente, retiro minha faca do cinturão, e correndo com um grito de raiva, tento perfurar o homem na altura da costela.”.



Aha! Agora, nos estamos falando de interpretação! Se você faz descrições deste nível em sua aventura, pode parar de ler esta matéria imediatamente! Você já é um bom interpretador. Caso não interprete de tal maneira, continue lendo, pois aqui vão algumas dicas de como melhorar seu desempenho.

Vamos diluir o problema. Pense desta maneira, tudo que você deve fazer é embelezar o “Ataco ele”. A frase em si não passa de um ataco ele, mas muito mais legal, épica, que revela sentimentos do personagem... E ai esta, é isso que você precisa!

Ao descrever uma ação, combativa ou não, por que não colocar mais sobre os sentimentos do personagem! O que ele está pensando? Está gostando disso? Está pensando consigo mesmo em alguma coisa? Aquela mulher o faz ter pensamentos estranhos, e aquele homem a deixa vermelha? Você esta segurando o riso da piada que o bardo fez do rei? É...

E em falar em segurar o riso, qual a cara do personagem, o que seu rosto demonstra? E não só o rosto, o que seu corpo esta demonstrando?! Por que não descrever o movimento?! Ele está parado, andando, pulando em um pé só, correndo? O ataque que ele faz é como? Gira a faca para a esquerda e tenta atingir o alvo? Dá uma voadora cinematograficamente descrita no bastardo?

E o que ele fala, pense bem... O que seu personagem falaria nesta situação? Diante da mulher cujo rosto lançou mil navios ao mar, ele ficaria boquiaberto e sem fala, falaria algo floreado e bonito, ou diria “oi”?! Uma pessoa fala apenas o que for mais curto? Quando você esta falando com seus amigos, você reduz todas as suas palavras à “Ta Bom”, “Acho Legal”, “Ok”, “Vou te Matar”, “O que tá acontecendo?”?

Pois bem, para uma boa interpretação de uma ação, estes são os três pilares chaves, pensamento, movimento e fala. Agora que você sabe disso, esta na hora de incrementar ainda mais a sua interpretação. Inserir os três pilares em uma ação não significa ter uma boa interpretação, veja, nos dois exemplos abaixo ambas as descrições tem fala, pensamento e movimento, e olhe a diferença entre elas:

-- *Olho para a princesa, vou andando até ela. Tento andar de forma bonita, pra impressioná-la. Ela é muito linda, e começo a ficar envergonhado e avermelhado. Dou um sorriso bobo e falo * Olá... Você é a princesa do Reino da Esmeralda? Eu sou Lord Fulaninho, de Tal.



-- * Observo a majestosa princesa do Reino da Esmeralda, imponente como seu reino, bela como uma verdadeira esmeralda. Bela até demais, o suficiente para meu rosto começar a corar, e a vergonha tomar conta de parte da minha mente. Ando até ela, da forma mais graciosa e galanteadora que uma pessoa de meu calibre pode atingir, e com um sorriso bobo no rosto, dirijo a palavra a ela * Majestade * falo fazendo uma longa reverência * Você é a tão aclamada princesa do Reino da Esmeralda, estou certo? Vim de longe lhe encontrar, sou Fulaninho, da fabulosa cidade de Tal.



Infelizmente, as dicas não podem lhe ajudar muito nesta parte. O melhor que posso lhe recomendar é que expanda seu vocabulário, ler também ajuda bastante. Enfeitar sua frase pode ser mais difícil do que parece, mas com um pouquinho de prática, você se tornara o melhor dos melhores!

Pense como se estivesse escrevendo um livro, e não como se estivesse falando pela internet! Isso deve auxiliar bastante as suas capacidades interpretativas. E perceba que os 3 pilares não necessariamente estão em todas as boas interpretações, existem ações sem falas, falas sem pensamentos, etc... Mas acreditem, estes são os três pilares que vão importar na interpretação, e o que você deve aperfeiçoar.


Bom, é isso galera, espero que tenham gostado, abrass, até a proxima!

7 comentários:

Anônimo disse...

Não sei não... Eu gostei da iniciativa e acho que tem fundamento, mas faltou um exemplo que mostrasse que interpretação através da descrição das ações também pode ser ótima quando contida.

Do modo como está, parece que prolixidade e qualidade se assemelham, e não é verdade.

Bom texto.

Thobias disse...

Hum... Valeu.
Mas a questão é a seguinte, incentivar, de qualquer forma, seja por XP, PO, tanto faz, a interpretação. Seja como for, pelo menos para dar um toque a mais no jogo. Eu prefiro muito mais um jogo com mais interpretação do que porrada. E é isso, incentivar a interpretação de forma "correta" e completa. Quem é o mestre que se contenta com um "Eu ataco ele"?
Ninguém, isso chega a ser broxante para o mestre, na minha opnião.
Mas enfim, cada um com sua opnião, e pensamento.
Mas valeu cara!

Benaduce disse...

Deviam obrigar as pessoas que jogam na internet a ler mais, essa sempre foi, e sempre vai ser a chave.

Ótima iniciativa velho.

Augusto Venceslau disse...

Post simplismente perfeito.É realmente isso que falta nos rpg's.Não há coisa melhor do que sentir junto com o personagem.

Adorei, meus parabéns pelo post.

Neco disse...

Esse é meu garoto, aprendeu muito bem.
hahahaha

Hunter disse...

Concordo em tudo dito, porém os exemplos foram mal escolhidos na minha opinião. Desta forma deixou transparecer que interpretar é simplesmente florear e encher de "lero lero" a sua ideia original, quando isso só ocorreria de acordo com a personalidade do personagem.

As vezes uma interpretação simplista é realista por mais decepcionante que seja. Nem todo mundo conseguiria agir de forma galante com uma princesa ou coisa assim, eu mesmo teria uma reação tipica do primeiro texto deste exemplo :D

Resumindo, gostei do que li, não teve nada realmente novo, mas foi bem escrito e intuitivo, só acho que faltou o essencial que é falar sobre a identificação do ESTILO de cada personagem e como isso deve afetar a verdadeira interpretação, e não que "quanto maior o texto, melhor". Além do que imagine um tijolo de descrição a cada turno de uma luta, seria bem cansativo.

Thobias disse...

Como disse, o intuito é fazer com que aqueles que interpretam algo do tipo "ataco o monstro", "corro até ele", "entro na taverna, e digo OI", tenham algo a mais a oferecer. Não é uma interpretação cheia de Lero-Lero, e sim algo que realmente o personagem iria fazer. Você quando ve uma mulher, e vai em direção a ela, para conversar e conhece-lá, não vai chegar nela e falar:
Oi, Tudo bem?

Isso seria no minimo, ridiculo. Você iria trabalhar em algo para se falar, e iria falar de modo convincente, falaria algo digno de alguém cujo cérebro funciona.

Como disse, é questão de opnião. Se você acha uma boa interpretação, um Lero-Lero, tudo bem. Eu prefiro uma boa interpretação e um bom jogo repleto de risadas, dialogos e historia, do que somente porrada.

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